Digitalização do Setor Elétrico – Um caminho sem volta para qualidade no atendimento e abertura do Mercado Livre
- gestao090
- 24 de set.
- 4 min de leitura
O avanço das tecnologias chegou junto com as reformas do setor elétrico. A abertura para o varejo impõe um desafio para os agentes em atender uma alta demanda de forma assertiva e ágil. A próxima onda de abertura do Mercado trará ainda mais desafios para a comercialização e Mercado Livre de Energia.
Transformação digital no Mercado Livre
O perfil da matriz elétrica brasileira mudou, assim como as formas de negociação e de contratos, principalmente, no ambiente de contratação livre de energia: mais amplo, dinâmico e com uma maior granularidade de informações.
A base de clientes aumentou, assim como o volume de negociações - ainda que em valores menores. Nos quatro primeiros meses deste ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) registrou mais de 19 mil processos de migração de consumidores com demanda inferior a 0,5 MW. A expectativa da agência é que o ano de 2024 termine com 27 mil processos, num horizonte de mais de 200 mil consumidores enquadrados no grupo A, de alta e média tensão que poderão migrar nos próximos anos.
Para Ilton Cherete, diretor de Tecnologia e Inovação da Thunders, quando se mudam as características do mercado e seus participantes, é preciso também uma mudança de mentalidade e processos. As empresas precisarão investir em soluções de software e infraestrutura para fazer essa gestão, dada a mudança drástica de perfil dos consumidores e volume transacionado”, explicou o diretor da Thunders.
A importância do investimento em tecnologia nesse processo se torna ainda mais relevante quando se analisa as expectativas de expansão do mercado no médio e longo prazo. Numa segunda etapa de abertura do mercado livre, esperada a partir de 2026, a expectativa é que 8 milhões de unidades consumidoras possam migrar para o ambiente livre e, a partir de 2028, considerando os consumidores residenciais e da classe rural, outras 67 milhões de unidades.
Com tantas novas necessidades e o aumento no volume e criticidade dos dados, o especialista aponta que “soluções de baixa robustez como um Excel ou sistemas não devidamente pensados para essa realidade, não suportarão esse novo cenário, não fornecendo escalabilidade, alta disponibilidade ou resolverão questões de integração, segurança da informação e LGPD”.
“A transformação digital já está acontecendo e é importante um alerta para que esse processo se inicie de maneira urgente, uma vez que mudanças em implantações de software e infraestrutura precisam de tempo e planejamento adequados”, destaca o diretor da Thunders.
Custo de transmissão na conta de luz cresce 630% desde 2013
Desde 2013, as despesas com construção e manutenção de linhas subiu acima da inflação e de outros custos que compõem as tarifas de energia. Em números, o custo com a transmissão de energia cresceu 630% desde 2013. Ou seja, a despesa, por ano, com a construção e com a manutenção das linhas do sistema elétrico saiu de R$ 8,30 por MWh (megawatt por hora) para R$ 60,6 em 2023. Os dados são do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura).
O aumento do custo com transmissão foi 3,5 vezes maior que a inflação acumulada no período, de 180%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Já a conta de luz em média subiu 234%.
A transmissão é uma das principais componentes das tarifas de energia. Outras despesas, como o custo da geração de energia e da distribuição e geração cresceram abaixo da inflação: 99% e 118%, respectivamente. O único item que subiu ainda mais que a transmissão na conta de luz foi a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), mas o encargo já vem sendo tratado para garantir sua redução.
O motivo para esse aumento de custo com transmissão, em grande parte é pelos grandiosos projetos de expansão das linhas, sobretudo para escoamento de energias renováveis na região Nordeste. Cabe frisar que tais investimento, são complexos e morosos. São obras que podem cruzar diferentes Estados do país e tem ainda como desafio, acompanhar o crescimento de fontes renováveis.
O mapa do ONS a seguir, mostra os pontos com os limites possíveis de conexão das linhas disponíveis no país. Cada ponto no mapa, mostra uma linha de transmissão e a margem remanescente para escoamento da geração. Em vermelho, os locais com margem zero para mais escoamento.

Para enfrentar o problema, o Governo, via ANEEL, vem realizando leilões de investimentos. Só de 2023 para cá, já foram realizados 3 leilões de transmissão, que somam R$ 60 bilhões em novas linhas. Um 4º deve ser realizado no 2º semestre. Esse custo entrará nas tarifas nos próximos anos.
O investimento em novas linhas é bancado pelos consumidores de energia por meio das contas de luz. Ao vencerem os leilões, as empresas se comprometem a colocar os projetos de pé e ganham uma concessão de 30 anos para operar as estruturas, sendo remuneradas por isso por meio das tarifas que entram na conta de luz.
Segundo Bruno Pascon, sócio do CBIE Advisory, se o Brasil “continuar optando por construir só parque eólico e usina solar, vai precisar construir 3 vezes mais linhas de transmissão”. É por causa dessa escolha que os custos têm disparado.
“É preciso voltar a fazer um planejamento energético que não olhe só o atributo preço, porque, assim, haverá cada vez mais fontes eólica e solar na matriz. Mas, sim, olhar o custo total que isso vai trazer para o sistema, incluindo a transmissão, e olhar a segurança energética, fazendo um balanceamento da expansão de fontes renováveis com fontes que podem ser despachadas”, disse.
Outra solução, segundo Pascon, é aproximar mais a geração de energia dos maiores centros consumidores. “Se o país só constrói eólica e solar no Nordeste e constrói linhas de 1.000 km, 2.000 km para trazer para o Sudeste, isso tem um custo”. Fonte: Canal Energia
3. Reservatórios e Curva de Preços
Níveis reservatórios 2025

Evolução de Preços de Energia Incentivada 50%




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