Mudança no modelo de preços aumenta a volatilidade com a promessa de preservação de reservatório.
- gestao090
- 28 de abr.
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A partir de janeiro de 2025, o modelo do ONS que precifica a operação ótima do sistema elétrico mudou para atender melhor a realidade da operação. Com um novo cenário climático, mais renováveis e o consumidor expandido a geração, o operador busca a otimização do preço frente à novos desafios.
Segmento precisa de uma ferramenta para avaliar melhor a operação atual do sistema e, consequentemente, sua sinalização de preço.
O setor elétrico está focado na construção de um aperfeiçoamento dos modelos de formação de preço antes de parar o uso dos atuais e encontrar outros. Na avaliação de Luiz Barroso, CEO da PSR, o segmento precisa de uma ferramenta para avaliar melhor a operação atual do sistema e, consequentemente, sua sinalização de preço.
“Tenho dúvidas de como estes modelos vão evoluir ao longo do tempo. Acho uma derrota termos que comemorar o modelo de preço Newave Híbrido no próximo ano.
É um modelo mais individualizado, mas estamos em pleno século 21 e ainda com um modelo de sistema equivalente. Podemos fazer melhor e, acho, que poderíamos ter mais ambição no ferramental matemático para uma melhor operação e sinalização de preços”, disse durante painel no Minuto Mega Talks. (Fonte: MegaWatt).
Dentre os aprimoramentos no modelo de preço, estão o uso das restrições elétricas especiais no período individualizado, bem como melhorias relacionadas às saídas do modelo em seu uso individualizado.
Em relação às expectativas dos preços de 2025, Barroso afirmou que caso o período úmido, entre novembro e abril, ocorra 100% da Média de Longo Termo (MLT) no Sistema Interligado Nacional (SIN), o PLD pode ficar na casa dos dois dígitos.
Diante de um cenário de período úmido na média, com Energia Natural Afluente (ENA) em 90%, a estimativa também é de PLD na casa dos dois dígitos Segundo Barroso, modelos matemáticos estão apontando para uma ENA na média de 80% de abril em diante.
Com a emulação desses cenários e a nova metodologia de preços (o híbrido) a volatilidade se faz presente nas oscilações das médias de chuvas o que, de fato, trouxe preços mais altos. Segundo o operador, o objetivo tem sido preservar então os reservatórios.
Como a mudança enseja críticas, um estudo foi publicado pela FUTTURA Energy Consulting onde o autor alega que talvez a preservação de reservatório não faça muito sentido, assim:
Muitas são as justificativas apresentadas pelos órgãos oficiais. Fala-se sobre o encarecimento do parque térmico, tanto em horizonte conjuntural com a escalada do dólar, que baliza muitos dos combustíveis utilizados, quanto no horizonte estrutural, com a mudança recente aplicada ao modelo de preços que reajusta os custos de combustível estruturais das usinas termelétricas de acordo com o valor dos futuros de seus combustíveis. Fala-se também sobre o estrangulamento do intercâmbio das regiões Norte e Nordeste, que limita a transmissão da energia, principalmente de geração intermitente, para a região Sudestes/Centro-Oeste, e que acaba sofrendo o efeito da restrição de envio de energia.
Fato é que a preservação de reservatório tem sido a maior motivação para manutenção dos preços altos em tempo de reservatórios altos.
Ainda segue o estudo que:
Esse estudo foi feito utilizando como base a revisão zero de março de 2025, e os cenários hidrológico foram gerados seguindo os procedimentos do ONS, através do modelo de chuva-vazão e dos modelos de precipitação.
Esquecendo um pouco os cenários de ENA e armazenamento inicial, por serem constantes em ambos os estudos, para fins de simplificação, a Figura resume as diferenças entre uma execução e outra. Nota-se que não só os preços da energia, aqui representados pelo Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), são muito distantes, com o caso 15×40 apresentando valores muito maiores, como os armazenamentos salvos ao final do período são apenas marginalmente maiores.

Veja que para um PLD, em março, R$ 240,00 maior, o armazenamento foi de apenas 1,8% acima.
Na nossa visão, a preservação de reservatório faz sentido para evitar “pânicos” como em outubro/24, mesmo que isso pareça elevar preços em um curto prazo. Cabe ressaltar também que, com vinda de novas chuvas, os preços tendem a ceder e torna o consumidor mais atento às janelas de contratação.
Abraceel apresenta propostas para simplificar acesso ao ACL
A Abraceel entregou suas contribuições para a Aneel no âmbito da segunda fase da Consulta Pública 28/2023, que colheu nova rodada de propostas para operacionalizar a regulação que rege a comercialização varejista de energia. No radar da associação, que representa 113 comercializadoras, que negociam 70% do volume de energia no segmento, as propostas se concentraram em duas áreas.
A primeira é a melhoria, padronização e simplificação da regulação que rege a jornada dos consumidores que optam por comprar no mercado livre de energia, tema central da consulta pública. Já a segunda é o combate a práticas que enfraquecem a concorrência no mercado, com sugestões para ampliar a transparência da informação, fortalecer a fiscalização e garantir competição isonômica entre os agentes, de forma que a Aneel possa atuar em casos de abuso de poder econômico.
Outro ponto é sobre a competição isonômica, que vem ganhando torque na agenda do MME e Aneel. No decreto com diretrizes para a renovação de concessões de distribuição, o Ministério inseriu diretrizes para preservar a competição isonômica e combater abusos contra a competição: proteção de dados, LGPD e práticas anticoncorrenciais.
Cenário Meteorológico
O cenário meteorológico não foi dos melhores em março com apenas 63% da média de chuvas para o Sudeste. A La Niña se manteve com intensidade moderada/alta no período, provocando chuvas no Norte e Nordeste e reduzindo a pluviosidade no SUL e Sudeste.
Tal fato não permitiu a subida dos níveis dos reservatórios no final do período chuvoso o que fez os preços subirem de forma significativa no mês de março (acima de R$ 300,00/MWh no PLD).

No entanto, em abril, o fenômeno La Niña se enfraqueceu e praticamente eliminou seus efeitos, fazendo com que a média de chuvas subisse para aprox. 80% da média, retomando a recuperação, mesmo que tímida, dos reservatórios.
Aliado a este movimento, a carga foi revisava para baixo, e com isso, os preços voltaram a patamares prox. A R$200,00/MWh para o segundo trimestre do ano. Ainda há bastante pressão nos preços para o segundo semestre do ano, mas, se a preservação dos reservatórios for bem sucedida, o ano de 2026 poderá se de preços mais comportados para o consumidor.
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