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Crise climática, ciclo de chuvas e distribuição de energia no Brasil

A oscilação entre a regularidade e volume das chuvas nos verões tem criado volatilidade e muita incerteza para os consumidores de energia do Mercado Livre. Os preços têm atingido picos e baixas em alguns meses e dificultam a tomada de decisão para a contratação, tanto de curto quanto longo prazo. Mapeamos alguns pontos de atenção na edição desse mês.


Precipitação de chuvas oscilando e com difícil previsibilidade


Em setembro de 2021, o setor elétrico passou por um desafio de recursos com reservatório em 18% de armazenamento e a possibilidade de um racionamento. Os preços do spot estavam no teto (R$ 588,00/MWh) já há 3 meses e vinham de valores acima de 300,00/MWh por pelo menos 11 meses entre 2020 e 2021.

Tal situação já mostrava uma oscilação do regime de chuvas que teve momentos com boas afluências entre 2011/2012, depois secas em 2014/2015 e preços baixos por conta das chuvas de 2020.

Já em novembro de 2021, o Brasil registrou retorno das chuvas acima da média, o que afastou o risco de racionamento, e em 2023, tivemos o ano redentor que colocou os reservatórios no maior patamar de armazenamento em 93 anos de histórico.

Para completar a “gangorra”, o início de 2024 foi exatamente o oposto, trazendo o pior janeiro e o pior fevereiro, em termos de chuvas, dos últimos 94 anos, sendo a média 54% e 51%, respectivamente.

Fica difícil explicar todos esses movimentos, mesmo com os fenômenos climáticos La Niña e El Ninõ alternando suas formações, pois em anos de neutralidade, as precipitações variadas impossibilitavam qualquer previsão sobre os preços futuros (que no final, é o que importa para o consumidor).

Neste ponto, é que focaremos esta edição para que o consumidor entenda melhor como se proteger ou aproveitar as oportunidades de contratação no mercado livre, garantindo ganhos frente ao cativo e/ou redução de custo em comparação ao ano anterior


Situação dos reservatórios


Naturalmente, por termos ainda quase 70% da geração baseada na fonte hídrica, as chuvas são o fator de maior impacto nos preços do curto prazo. Já os reservatórios são um importante componente na formação dos preços de energia para o mais longo prazo, aliados à expansão da oferta.

O gráfico a seguir mostra como esse componente tem se comportando com as variações pluviométricas:



Expansão da oferta de energia


Juntamente com as chuvas e reservatórios, a expansão da oferta também é importante para a formação de preços no longo prazo.

Neste ponto, cabe frisar que grande parte do incremento de energia no sistema, está ocorrendo por fontes renováveis, mas intermitentes, que é o caso da solar Fotovoltaica e eólica.

O primeiro semestre de 2024 foi o melhor em termos de expansão da matriz elétrica brasileiro nos últimos 27 anos, segundo dados da Aneel. Com 5,7 GW de potência instalada, o crescimento foi puxado pelas 168 novas usinas que entraram em operação nesse período. Apenas no mês de junho o incremento foi de 889,51 MW com a operação de 27 novos ativos, sendo 13 eólicos, dez fotovoltaicos e quatro termelétricas.

A base de dados leva também em consideração os compilados de Micro e Minigeração Distribuída. No caso da energia solar, sem a modalidade são 6,1% de representação, subindo para 19% com a MMGD inclusa, cuja expansão foi de 4,4 GW até junho, chegando a atuais 30,6 GW. (Fonte: ANEEL e Canalenergia).


Fonte: Canalenergia


As maiores fontes renováveis da matriz centralizada são: hídrica, 53,88% do total; eólica, com 15,22%; e de biomassa, representando 8,31%. Já entre as fósseis estão gás natural, com 8,78%; de petróleo, com 3,92%; e carvão mineral, equivalente a 1,7%.


Preços de 2025


Com esse mix de fontes, precipitações e reservatórios, os preços da energia incentivada 50% para 2025 se comportaram com volatilidade acentuada, conforme gráfico abaixo:


Tal comportamento ficou refletido na disposição da ANEEL em acionar as bandeiras tarifárias em julho, sendo que o custo adicional (que serve para bancar a geração térmica) não era aplicado desde abril/22.

Segundo o regulador, as chuvas com vazão próximas à 50% da média, aliado a um inverno mais quente e seco, gerou aumento de custo, maior consumo de energia e aversão ao risco de deplecionamento dos reservatórios. E, seguindo as oscilações de chuvas, agosto teve leve melhora nas chuvas o que fez a bandeira verde voltar para a tarifa de energia


Estratégia de contratação


Diante do cenário apresentado, o consumidor deve sempre ficar atento à estratégia que recomendamos com os seguintes passos/perguntas:


1. Aproveite os momentos de preços baixos para contratos mais longos;

2. Avaliar se o “risco IPCA” não será pior que o risco de alta dos preços;

3. Avaliar se, no momento de altos preços, não faz sentido contratar apenas 1 ou 2 anos, “amargar” a perda, mas depois ficar livre para os momentos de baixa nos preços;

4. Garantir que terá a liberdade de não estar amarrado em um contrato longo, deixado de aproveitar oportunidades pontuais;

5. Avaliar se ainda esta melhor frente ao cativo e/ou melhor que o ano anterior para tomar a decisão mais acertada e que minimize os riscos.


Somado a isso, o consumidor, mas arrojado pode ainda, optar por contratações parciais e aproveitar-se de compras no PLD. Isso porque se bem gerenciado o risco, compras spot, em muitos meses, garantem valores abaixo de R$ 100,00/MWh de fonte incentivada.

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