Mesmo com o pior janeiro do histórico, março se mostrou bem úmido o que proporcionou subida nos reservatórios. Além disso, o sistema se mostra robusto e com boa capacidade de geração de fontes alternativas, o que alivia a possibilidade de deplecionamento exagerado no inverno. O debate mais atual do setor atualmente é a revisão de encargos para alívio também na tarifa do fio das distribuidoras.
Perspectiva para os níveis dos reservatórios das usinas
As chuvas de abril superaram a expectativa, o boletim do Programa Mensal de Operação (PMO), referente à semana operativa que vai de 6 a 12 de abril, estima um aumento na Energia Natural Afluente (ENA) ao final do mês, em comparação com a primeira projeção para abril. O percentual mais significativo deve ser apontado no Sul, em que a previsão era de 67% da Média de Longo Termo (MLT) e foi revisada para 127% da MLT.
No Sudeste/Centro-Oeste também há expectativa de avanço na ENA, de 73% para 84% da MLT, e no Nordeste, de 50% para 66% da MLT.
A expectativa de Energia Armazenada (EAR) para o final de abril são maiores que àquelas apresentadas na revisão inicial do mês, com todos os subsistemas ultrapassando os 65%.
Vale ressaltar, porém, que ainda que as indicações sejam mais favoráveis, as perspectivas estão abaixo da média histórica do período em três subsistemas.
Segundo as informações das últimas semanas, o ONS vem apresentando medidas para preservar a situação favorável dos reservatórios, para garantir o atendimento às demandas de carga e potência ao longo do ano.
Primeira revisão quadrimestral da previsão de carga
No dia 05/04, foram divulgadas pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), as informações referentes a 1ª revisão quadrimestral das previsões de carga para o Planejamento Anual da Operação Energética - 2024-2028.
Em 2024, o aumento de carga está previsto para 3,8%, alcançando o valor 78.814 MW médios.
Esta acanhada projeção de aumento da carga elétrica divulgada pela CCEE, a qual considera a situação econômica e expectativa de desenvolvimento do país, impactou também no preço da energia, que teve uma variação para baixo para os anos de 2025 e 2026.
Custo de transmissão na conta de luz cresce 630% desde 2013
O Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), informou que o custo com a transmissão de energia subiu 630% desde 2013. O gasto anual com a construção e com a manutenção das linhas do sistema elétrico saiu de R$ 8,30 por MWh (megawatt por hora) para R$ 60,6 em 2023.
O crescimento dos valores gastos com transmissão foi 3,5 vezes superior que a inflação 180% acumulada no período, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Já a conta de luz aumentou em média 234%.
Um dos maiores fatores que compõem as tarifas de energia é a transmissão, já as outras despesas, como o custo da geração de energia e da distribuição e geração tiveram o aumento abaixo da inflação: 99% e 118%, respectivamente, ou seja, abaixo do IPCA e da alta geral da conta de luz.
As despesas com transmissão vêm aumentando devido aos grandiosos projetos de expansão das linhas, principalmente para escoamento de energias renováveis na região Nordeste.
O investimento em novas linhas é subsidiado pelos consumidores de energia por intermédio das contas de luz. Após vencerem os leilões, as empresas se comprometem a executar os projetos e ganham uma concessão de 30 anos para operação das estruturas, e consequentemente são remuneradas por meio das tarifas que entram na conta de luz.
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